quarta-feira, dezembro 3

Dias de uma estagiária #9

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Não tenho conseguido conciliar as coisas pendentes por fazer com a rubrica no último meio mês, digamos assim, mas além de uma rubrica encaro este como o meu diário de estágio. Uma coisa é o caderno e os apontamentos no computador que tenho dos doentes que avalio ou sigo outra é as sensações e as opiniões que aqui partilho, que aqui pretendo registar para até no final perceber a minha trajectória naquele corredor de hospital. 
foram quatro dias dos quais não deixei relato mais ou menos e já me parece que não vos falo de nada nem ninguém há muito muito tempo. 
Não posso deixar de partilhar aquela sensação estranha de estar uma pessoa praticamente da minha idade a chamar-me doutora e a pedir-me desculpa por não estar a conseguir fazer o que pedi. Da força que uma senhora relativamente jovem (talvez da idade da minha mãe) que teve um AVC demonstrou em querer que as falhas que ainda tem desapareçam nem que tenha de virar tudo do avesso. É pena que não venha há 3 semanas consecutivas à consulta sempre com justificações que me parecem desculpas, de modo a omitir ou esconder algo. E os grupos? Estou a gostar muito de trabalhar com os grupos de senhores em reabilitação, são sempre divertidos, puxam uns pelos outros, são simpáticos e dão-me gozo porque todas as semanas tento puxar um pouco mais  e eles têm acompanhado. Ainda que uns com mais dificuldades estão sempre dispostos a tentar. Praticamente todos eles podiam ser meus avós, mas acho que nenhum me consegue ver como neta, também não os vejo como meus avós mas confesso que tenho um carinho especial por eles. Sobretudo pela cara de satisfeitos que saem sempre todas as semanas após a sessão.  
Agora tenho sustentado todas a consultas individuais e em grupo, sinto-me à vontade para o fazer, mesmo tendo pessoas a observar. Quando sou eu e o doente só tendo a intervir mais, a deixar ser "mais eu" própria para que as coisas não se tornem estandardizadas, mas ainda assim já me sinto com mais à vontade com outros a ouvir e a observar. 
A partir daqui vou começar a intervenção em alguns casos desde o início e aí sinto mais o peso da responsabilidade. As questões do treino cognitivo nunca dependem só de nós, mas ainda assim vejo-me com um papel importante para que aquelas pessoas tenham ou não uma evolução positiva. 

1 comentário:

Inês Pinto disse...

Percebo bem a tua situação. Também não tenho tempo oara nada. Mas espero que esteja a correr tudo bem :)