quarta-feira, outubro 29

Dias de uma estagiária #4

I Speak Prada! | via Tumblr

Terminou na passada sexta a minha primeira semana em estágio, e a segunda já começou. Uma cara repetida e cinco novas. A minha primeira intervenção foi na passada terça-feira, uma coisa que não estava à espera. Penso que não me saí mal, ainda que com algum nervosismo que o tom de voz não saísse bem, que falasse muito rápido (eu não falo nada rápido, nadinha), lá me desenrasquei e se a psicóloga não teceu comentários penso que não fiz nada mal. 
Não sei se já perceberam, mas estou na área da neuropsicologia, a ver e a começar a fazer avaliações neuropsicológicas, tal como, reabilitação. Como devem imaginar, passam por lá pessoas que por motivos de doença ou lesão cerebral se encontram com alterações de personalidade comportamentais, menos ou mais acentuadas. Neste último dia, comecei a encontrar algumas ideias da minha cabeça, há quem pareça que nunca cresça e se mantém uma criança a vida toda, os pais ainda não tiveram oportunidade de ver aquele filho(a) crescer, porque as atitudes de pequenino(a) se mantiveram. O cansaço é imenso, quer no sentido de se manter um esforço por lutar pelo melhor, quer no sentido de que à partida nunca irá acabar. Acabará um dia, que um ou outro se vá, mas depois se for primeiro a pessoa mais velha o que vai ser da mais nova? Normalmente é ao contrário.. os mais velhos é que precisam dos mais novos, e isso também custa, imaginar que aquela mãe nunca poderá ser cuidada por quem ela cuidou. A mãe tem consciência disso, certamente, mas a filha não. 
Conseguem imaginar alguém que não consegue lidar com o mínimo de frustração? Eu exemplifico: alguém que a pedido de um profissional de saúde tem de resolver um labirinto, fácil, e que ainda nem procurou por metade da primeira hipótese de caminho e já está com gestos de controlo das mãos, porque só lhe apetece riscar de uma ponta à outra a folha. Conseguem imaginar como será o dia-a-dia desta pessoa? Eu consigo um pouquinho e acreditem não será, com certeza, funcional.
Hoje acabei por me focar naquela cara repetida que referia no inicio, nas próximas talvez vos fale das novas, ou se calhar já serão repetidas...

p.s: ainda que curtinha, que estão a achar da rubrica?

3 comentários:

Catia Ferreira disse...

Continua :) É sempre bom partilhar as nossas experiências. Nunca se sabe quando passa aqui alguém que siga o mesmo que tu e precise de "umas luzes".

Anónimo disse...

Deve ser muito complicado para esses pais e essas mães, mas também para a pessoa em questão que não terá a oportunidade de ter uma vida normal.

Ki disse...

Estou a adorar! Não fazia ideia que isso do labirinto podia acontecer com alguém :o