Dias de uma estagiária #2

Depois de uns dias com a ansiedade misturada com o desgosto da incerteza hoje tive o primeiro contacto com o local que espero que me ensine muito. Digo-vos de verdade que pensei em tudo, na roupa, na maquilhagem, no caderno que levava, no que teria de dizer, até nas unhas. A intenção de tudo isso não era transparecer uma imagem do que não sou, pelo contrário era passar com exactidão aquilo que sou e não transparecer algo pior. Que sou uma pessoa cuidada, que presto atenção,  que sou curiosa, ponderada, organizada, mas que também tenho as minhas inseguranças e o meu calcanhar de Aquiles, como o ter de pedir favores num primeiro contacto porque sou  de longe. Sem querer dar de vítima mas somente por não ter outra hipótese e, por isso, peço compreensão.
Senti que foi bem mais informal do que pensava e mais curta também, no geral encaro que tenha corrido bem. As burocracias ficaram todas tratadas, a Srª dos recursos humanos era muito simpática e também nos conseguiu fornecer as batas, (que por sinal me fica um saco de batatas e me indicaram para não alterar) para que não tivéssemos de comprar. Curioso foi a costureira da lavandaria que ao colocar o meu nome na bata, para o caso de querermos lavá-la lá a identifiquem rapidamente, acrescentou-lhe o Drª quando tinha na mão um documento que identificava que sou estagiária. Não me sinto muito orgulhosa nem à vontade para ser chamada de algo que na realidade não sou, sempre que o fazem tenho a sensação que está a haver algum desrespeito por quem realmente o é, pelas pessoas que vingaram e conseguiram apostar na sua formação.
Apesar de finalmente ter novidades e com a minha rotina encaminhada, surge um grande problema (que espero resolver com uma grande solução) que é o meu projeto de tese ficar inviável, porque por falta de espaço físico este ano não será possível utilizar amostra clínica, que sem ela o meu projeto não faz qualquer sentido.
De qualquer das formas terça começa então esta minha grande jornada e com ela virá mais partilha.