sexta-feira, janeiro 31

Resposta ao perfil dos praxistas do Dr. Quinito Aires

Ontem no programa da manhã o Dr. Quintino Aires apresentou no programa da manhã da TVI um perfil psicológico dos praxistas que,segundo ele, é composto pelo seguinte: insensibilidade ao outro; dificuldade em exprimir sentimentos; dificuldade em projectar-se no futuro; desejo de omnipotência; necessidade imatura de pertença ao grupo; dificuldade em descentrar-se.
Eu não posso deixar de comentar isto, porque deixou-me bastante intrigada e saliento que tudo o que eu referir é baseado naquilo que eu vejo, ouço e conheço. Certamente que existem opostos a isso.
Ponto um: um perfil psicológico traça-se através de estudos empíricos cientificamente validados, tal como, amanhã não aparece alguém a fazer perfil psicológico dos psicopatas, não tem o direito de fazer isso dos praxistas. Não dei-te a Psicologia para o senso comum se faz favor.

Ponto dois: quando a título de exemplificação da insensibilidade ao outro refere os atos que os assassínios dos filmes têm perante as vítimas e ninguém percebe como eles conseguem fazê-lo, o exemplo é muito mal escolhido. Aliás é bem escolhido para a ideia que queria passar, mas a mim parece-me só estapafúrdio.
Ponto três: a certa altura referiu que os praxistas coagem os caloiros a faltar às aulas, porque fazem o mesmo e eles acabam por não preparar as matérias e estudar como o deviam fazer. Tenho-lhe a dizer que os melhores alunos da minha faculdade são praxistas, e isto acontece também noutras. Pessoas com boas médias e que nunca deixaram cadeiras para trás até.
Ponto quatro: não nos conseguimos projetar no futuro porque não pensamos nas consequências dos atos que são impostos e acrescenta que se o fizéssemos não obrigaríamos pessoas a meter a cabeça em água de fontes que está contaminada e que tem repercussões na saúde (e tudo aquilo que saiu nas notícias). Não conheço ninguém que tenha sido imposto a meter a cabeça e a ingerir aquela água das variadas fontes, são usadas sim para batismo e passa por uma queda de água na cabeça.
Ponto cinco: refere a necessidade imatura de pertença ao grupo, mas não era o perfil dos que praxam? É que apresentou esta característica psicológica como daqueles que chegam Às universidades e não conseguem dizer que não porque são "cordeirinhos" que têm uma necessidade de aceitação extrema de aceitação, tal como quando se é criança se tem essa necessidade de uma forma indiferenciada. Além de a praxe pretender que não sejam "cordeirinhos", como lhes chama, eles têm 18 anos e não 6 e têm necessidade de aceitação com aquilo que é compatível com as suas aspirações com os seus valores.

Ponto seis: apresenta-nos como com dificuldade em descentrar-se, mas se assim fosse mesmo não tirava-mos tempo para preparar as atividades para os caloiros, não nos levantava-mos mais cedo duas horas (às 6 da manhã) para estar na faculdade antes de eles chegarem, não fazíamos uma série de coisas que são feitas para eles se divertirem e não para nós.
Ponto sete: o indicado desejo de omnipotência como: "agora é a minha vez, agora sou eu que mando" não é algo cego, porque por detrás do eu estou aqui a coordenar há um objetivo principal: passar a mensagem que aqueles que estão ao lado deles são aqueles a quem se devem agarrar, porque é com eles que vão passar momentos fantásticos durante anos se assim o quiserem.
Não foi objetivo transmitir toda a minha opinião acerca da Praxe, mas sim responder aquilo que o Dr. Quintino fez na televisão e para mim o mais relevante é o que salientei no ponto um. Por muito pouco faltou a "estes jovens têm um distúrbio de personalidade". Apesar de todos sermos praxistas somos todos muito distintos uns dos outros e, mais uma vez, perfis psicológicos não se traçam assim, só porque você quer e tem que dizer alguma coisa que parece de Psicologia naqueles vinte minutos.

6 comentários:

Rita disse...

Concordo com tudo o que disseste aqui. Tudo!

Audrey Deal disse...

R: Não vou dizer nada disso querida aha ;)

Carolina disse...

Aplausos para ti, subscrevo :)

Mónica Pacheco disse...


Boas. adorei o seu blog. estou a segui-la!!!
beijinhos,
MónicaP
p.s: deixo o meu mais recente blog se puder seguir-me ficarei grata <3

Manchas de Batom

Carolina disse...

R: Em Braga? :)

Cláudia S. Reis disse...

Sempre gostei de ouvir o Dr. Quintino a falar mas ele agora desiludiu-me. Não ouvi em directo mas bastou-me ler o que aqui escreveste para perceber que ele é só mais um que põe tudo no mesmo saco. Não podia estar mais de acordo com aquilo que tu escreveste. Enfim... Já desisti de explicar o porquê de eu ser a favor das praxes. Cada um é como cada qual e quem as vive, sabe o que sente. O resto não interessa.